O deputado estadual Luiz Eduardo (Solidariedade) criticou duramente o Governo do Estado pela situação de superlotação vivida no Walfredo Gurgel, maior hospital de urgência e emergência do Rio Grande do Norte, em pronunciamento na Assembleia Legislativa. Segundo o parlamentar, há uma omissão da gestão da governadora Fátima Bezerra (PT) em relação à saúde pública por falta de ações efetivas para acabar com o problema.
“O Hospital Walfredo Gurgel agoniza com a superlotação. O maior e principal hospital de urgência do RN protagoniza, mais uma vez, um filme de terror com mais de 130 pacientes nos corredores, suplicando por atendimento médico. Pacientes esperando dois, três dias por vaga na UTI. Vínhamos criticando a conduta do governo Fátima e da Secretaria de Saúde na condução dos problemas da saúde do RN e Walfredo. Sabíamos que ia chegar a esse ponto de colapso”, lamentou.
O deputado frisou que os problemas no hospital não são novos. “Recorrentemente, esses problemas de acúmulo de pacientes nos corredores vêm acontecendo ao longo dos seis anos do governo Fátima. Aqui na Assembleia, alertamos várias vezes, mas nunca houve resposta ou diálogo. Agora, com o Walfredo colapsado, o Governo tenta uma ação milagrosa, emergencial, para resolver o problema. Isso deveria ter sido feito lá atrás”.
Luiz Eduardo também denunciou o impacto da crise no funcionamento do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). “É inadmissível que o principal hospital do Estado se torne estacionamento de ambulâncias do Samu, que ficam paradas porque as macas estão presas nos corredores. Há macas até no chão, um ambiente insalubre e completamente desconfortável”, descreveu.
GOVERNO PROPÕE MEDIDAS. A governadora Fátima Bezerra se reuniu com prefeitos e representantes de municípios para discutir soluções para a superlotação do Walfredo Gurgel, na terça-feira 19. Durante a reunião, foi proposta a criação de um consórcio interfederativo entre municípios da Grande Natal para oferecer um serviço de Pronto Atendimento Ortopédico Regional, com o Estado arcando com 40% e os municípios, com 60%.
A proposta inclui a contratação de uma unidade hospitalar para ampliar os atendimentos de baixa complexidade em ortopedia, com custos de cerca de R$ 900 mil mensais. A divisão financeira entre o Estado e os municípios foi detalhada, com a previsão de que Parnamirim, São Gonçalo do Amarante, Macaíba e outros municípios contribuam com valores proporcionais. Uma nova reunião será realizada em 26 de novembro.
A Secretaria Estadual de Saúde (Sesap) elaborou uma planilha de custos mensal para o financiamento dos serviços ortopédicos de baixa complexidade. A previsão é de que, por mês, sejam pagos cerca de R$ 900 mil com a totalidade dos atendimentos.
A estimativa inicial é de que Estado possa custear R$ 359 mil, enquanto R$ 538 mil serão distribuídos entre os municípios de forma proporcional. Os valores definidos são: Parnamirim (R$ 199 mil), São Gonçalo do Amarante (R$ 78,3 mil), Macaíba (R$ 76,5 mil), Ceará-Mirim (R$ 69,4 mil), São José de Mipibu (R$ 69,2 mil) e Extremoz (R$ 45.9 mil).
“Presidente Lula tem que socorrer”, afirma deputado
Luiz Eduardo ainda denunciou o atraso nos salários dos médicos e servidores terceirizados e a falta de insumos básicos no Walfredo Gurgel. Ele destacou as condições extremas enfrentadas pelos profissionais de saúde que atuam na unidade e alertou sobre a situação crítica no hospital, afirmando que ele está “pior que hospital de guerra”.
“Os profissionais estão trabalhando sem condições de trabalho e elevados ao extremo do estresse profissional, os servidores terceirizados e médicos com os salários atrasados. E lamentar a falta de insumos e de produtos. Estão usando baldes que vêm de situação de descarte de objetos cortantes, como lâminas, seringas, agulhas. O Governo não poderia ter deixado o Hospital Walfredo chegar a essa situação. Situação pior do que hospital de guerra, que hospital de campanha”, desabafou.
O deputado também citou a deterioração das condições de outros hospitais do RN, como os regionais e pediu uma intervenção mais rigorosa por parte das autoridades. “O Ministério Público tem que tomar providências urgentes. É necessária uma intervenção do governo federal na saúde do Rio Grande do Norte. O presidente Lula tem que socorrer”, disse.