A Polícia Federal abriu um inquérito que apura a suposta incitação do deputado federal General Girão (PL-RN) nos atos antidemocráticos que resultaram no ataque aos Três Poderes em Brasília, no 8 de janeiro. As informações foram reveladas pelo UOL nesta quinta-feira (24).
De acordo com a PF, o parlamentar organizou um grupo de pessoas para “manter-se firmes no propósito de cometer crimes contra o Estado Democrático de Direito”. Segundo o documento, Girão fez publicações em redes sociais, apareceu em vídeos e incitou, “em tese, animosidade entre as forças armadas e os poderes constitucionais, as instituições e a sociedade”.
Ao deputado são atribuídos dois crimes: tentativa de abolição, com emprego de violência ou grave ameaça, do Estado Democrático de Direito, e tentativa de deposição, por meio de violência ou grave ameaça, de governo legitimamente constituído.
Segundo o UOL, a comunicação da abertura do inquérito foi feita pelo delegado federal Victor Menezes e enviada ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), um dos alvos dos ataques de 8/1.
A investigação atual é a continuidade de um outro inquérito, aberto em julho por Moraes. A decisão daquele mês atendeu a pedidos da Procuradoria-Geral da República (PGR) e da Polícia Federal, que analisaram uma série de publicações do bolsonarista em redes sociais, onde “se verificam uma reiterada tentativa de descrédito da Justiça Eleitoral e de disseminação de notícias fraudulentas”.
Também em julho, a jornalista Denise Assis, do Brasil 247, revelou que o deputado federal pelo Rio Grande do Norte teve conversa com George Washington de Oliveira Sousa (Marabá), terrorista condenado a 9 anos e 4 meses de prisão, em regime fechado, por planejar atentado ao Aeroporto Internacional de Brasília no dia de Natal, 24 de dezembro de 2022.
Prints de tela mostram que George pediu a Girão o uso de CACs (Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador) em apoio ao plano terrorista. Segundo a apuração, as mensagens constam em material enviado pela Polícia Civil do Distrito Federal no dia 22 de junho de 2023 à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), que busca esclarecer o golpe do dia 8 de janeiro de 2023. Os documentos não estão sob sigilo e estão em domínio público da PCDF.
Procurada, a Polícia Federal informou que “não se manifesta sobre eventuais investigações em andamento”. Já a assessoria de General Girão não respondeu até a publicação desta matéria.