Atrás das grades, preso desde o dia 20 de julho suspeito de ser um dos autores de um triplo homicídio que aconteceu na Zona Norte de Natal, o ex-policial militar Wendel Fagner Cortez de Almeida, de 45 anos, foi confirmado como candidato a deputado estadual pelo Partido Liberal (PL), legenda do presidente Jair Bolsonaro, no Rio Grande do Norte.
Wendel estava preso no dia da convenção do partido, no dia 31 de julho, mas foi registrado na nominata apresentada pelo PL à Justiça Eleitoral.
Ele escolheu o nome Wendel Lagartixa para aparecer nas urnas e, mesmo detido, conta com campanha eleitoral nas redes sociais, inclusive com arrecadação de ajuda financeira de apoiadores. Nas imagens publicitárias, o candidato vincula sua imagem à do presidente Jair Bolsonaro, que disputa a reeleição.
O apelido usado eleitoralmente por ele é o mesmo registrado pela Polícia Civil nos pedidos de prisão feito à Justiça. Wendel é investigado por um triplo homicídio que aconteceu no mês de abril deste ano. Ainda de acordo com a Justiça, há suspeita de envolvimento dele com um grupo de extermínio.
Ele foi preso no dia 20 de julho por força de um mandado de prisão temporária, com validade de 30 dias. No entanto, após pedido dos investigadores da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), a Justiça prorrogou a prisão por mais 30 dias, em uma decisão publicada na última quarta-feira (17).
“No caso, a investigação tem como objeto o cometimento do suposto triplo homicídio de Yago Lucena Ferreira, Rommenigge Camilo dos Santos e Felipe Antoniere Araújo, no dia 29/04/2022 e conexão com associação criminosa, em atividade típica de grupo de extermínio (…) Em relação a prorrogação da prisão temporária, há fundados indícios de autoria dos requerentes nos crimes previstos (…) Diante do que foi produzido pela Autoridade Policial e apresentado no Relatório Policial (…) a prisão temporária continua sendo adequada à gravidade concreta dos crimes ora investigados”, diz a decisão judicial.
“As circunstâncias delineadas apontam a existência de dados concretos sinalizando o envolvimento do Inculpado em delitos gravosos (homicídios em atividade de “grupo de extermínio”), além da imprescindibilidade da medida”, considerou o desembargador.
A defesa aguarda um novo julgamento do pedido de Habeas Corpus, dessa vez por um colegiado do tribunal. O advogado de Wendel, João Antonio Dias Cavalcanti, diz que ele alega que é inocente. Além de Wendel, outro policial foi preso e um terceiro suspeito segue foragido da Justiça.
O g1 procurou o Partido Liberal para questionar se a legenda tinha conhecimento da prisão de Wendel Lagartixa. O PL também foi perguntado sobre quem representou o candidato na convenção que definiu os concorrentes aos cargos eletivos, mas não respondeu às perguntas.
O registro de candidatura de Wendel Lagartixa ainda aguarda decisão da Justiça Eleitoral.
Nas certidões da Justiça que ele apresentou para o registro de candidatura, há informações sobre procedimentos relacionados a medidas protetivas de urgência previstas na Lei Maria da Penha, além de outras ações, como processos criminais.
O ex-policial foi preso em outras ocasiões, como em 2013, quando foi suspeito de envolvimento em homicídios e chegou a ser alvo de investigação da Polícia Federal, e em 2010, quando ainda atuava no 4º Batalhão da PM, também por suspeita de assassinato.
Infomações do G1