Para evitar a necessidade de o Estado ter que decretar o isolamento total obrigatório, algumas medidas devem ser tomadas agora. Para o coordenador do Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde (LAIS) do Hospital Onofre Lopes, da UFRN, e representante do RN no Comitê Científico do Consórcio Nordeste, Ricardo Valentim, a pactuação e um maior comprometimento das prefeituras, instituições e cidadãos comuns com as regras de proteção previstas no decreto do Governo do Estado para o enfrentamento à pandemia do coronavírus são condições que antecedem a decretação de lockdown.
“Antes de decidirmos por medidas mais duras, o Governo do Estado deve obter maior comprometimento das prefeituras, instituições e pessoas com o cumprimento das regras de isolamento social e das medidas protetivas – como evitar filas em bancos e órgão públicos, por exemplo” afirmou Ricardo Valentim em entrevista coletiva realizada nesta quinta-feira, 14, na Escola de Governo, no Centro Administrativo do Estado.
O especialista insiste que a sociedade como um todo precisa compreender a importância do isolamento social. “A taxa de isolamento está baixando, o que é extremamente preocupante. Ficar em casa deve ser compromisso de todos para preservar a sua vida e das outras pessoas. É uma oportunidade de salvar vidas, o que é super importante neste momento e significa a contribuição de cada um com a defesa da saúde pública, do setor produtivo e da coletividade. Só a partir daí poderemos começar a pensar em retornarmos à normalidade”.
Valentim destacou ainda que as filas nos bancos têm relação direta com o contágio e a consequente lotação dos leitos. Ele defende uma mudança na logística dos pagamentos como forma de criar uma proteção social antes da adoção de medidas de restrição mais radical, como o lockdown.
Ao defender que as prefeituras dos municípios e todos os organismos da sociedade tenham maior comprometimento com a execução das medidas de proteção social e isolamento previstas no decreto do Governo do Estado para enfrentamento da pandemia, Ricardo Valentim enfatiza que a administração estadual é a maior autoridade sanitária e as regras impostas devem ser respeitadas.
Medidas mais restritivas, como prefere Ricardo Valentim usar em substituição ao termo lockdown, exigem ações duras como a atuação da polícia e do Exército nas ruas, multando pessoas e estabelecimentos. “Devemos antes buscar reforçar o isolamento com o comprometimento de toda a sociedade”, frisou.
O coordenador do LAIS explica que o Comitê Científico do RN estuda e analisa os indicadores da pandemia diariamente. São doze professores pesquisadores e cientistas acompanhando o comportamento do vírus e estudando indicadores como taxa de ocupação de leitos e de isolamento social para orientar a tomada de decisão da administração pública com base em critérios científicos.
Nesta quarta-feira, 13, o Comitê se reuniu com a Organização Panamericana de Saúde para analisar indicadores e ampliar o conhecimento sobre a evolução da pandemia e as questões que levam ao maior ou menor grau de entendimento sobre a necessidade do isolamento social.