O ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL) deixou a Polícia Federal (PF) após prestar mais de 2h de depoimento, nesta quarta-feira (26), sobre os atos do dia 8 de janeiro, durante ataque aos Três Poderes, em Brasília. Ele chegou à sede da PF por volta das 9h da manhã. Na saída, o ex-presidente disse à imprensa que seus advogados iriam se pronunciar. “Vão falar os advogados. Um abraço tudo mundo”, disse.
Bolsonaro foi ouvido no inquérito como possível instigador, pelas postagens na internet, sobre o resultado das eleições presidenciais do ano passado. Principalmente, por uma postagem no dia 10 de janeiro, dois dias após os atos, na qual questionava, as urnas eletrônicas e o resultado eleitoral, mas foi apagada logo em seguida.
Segundo a PF, os “instigadores” são aqueles que, de alguma forma, alimentaram e instigaram ações de quem não aceitava o resultado das urnas, o que culminou nos atos antidemocráticos.
Bolsonaro passou a ser investigado formalmente nesta categoria após determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), atendendo a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR).
Esta será a segunda vez que Bolsonaro será ouvido pela PF desde que deixou o governo. A primeira vez foi no dia 5 de abril, mas referente ao caso das joias trazidas da Arábia Saudita.
A CNN apurou que, para este novo depoimento, a PF não pediu à Polícia Militar do Distrito Federal escolta ou reforço na segurança do prédio-sede que fica na Asa Norte.
A ação difere da oitiva anterior, em que cerca de 300 policiais militares cercaram o edifício e fizeram barricadas para a passagem do carro do ex-presidente.
Outros depoimentos
Nos últimos dias, a Polícia Federal colheu os depoimentos do general Gonçalves Dias, ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), e de um grupo de militares que esteve no Palácio do Planalto do dia dos ataques. Os depoimentos foram determinados depois que a CNN divulgou novas imagens exclusivas do dia dos atos criminosos.
Gonçalves Dias disse à PF que acredita ter acontecido um “apagão geral” do sistema de inteligência, dada a falta de informações para a tomada de decisões durante os ataques criminosos de 8 de janeiro.
Ele também negou ter sido omisso durante os ataques e afirmou que não tem responsabilidade sobre o caso.