Neste momento, na redação do semanário o clima está tenso, porque rege um sentimento de incertezas para os mais de 20 funcionários que trabalham para o título fundado,em 2008, por Victor Silva, como diretor, e Gustavo Costa (de feliz memória), como diretor adjunto.
O semanário Novo Jornal passa agora a ser detido exclusivamente pelo empresário, matemático e ex- presidente da comissão executiva do falido Banco Espírito Santo (BESA), Álvaro Sobrinho, conforme sentenciou o Tribunal Provincial de Luanda, resolvido o litígio judicial que envolvia Sobrinho e o seu irmão Emanuel Madaleno, que há mais de dez anos dizia ser c dono do jornal, apurou o Luanda Post.
No passado dia 6 de Dezembro, houve um rebuliço enorme nas instalações do Novo Jornal, dado que, no seguimento da decisão judicial, dois oficiais de justiça, um agente da Polícia e um representante do empresário Sobrinho se dirigiram à redação do semanário, no condomínio Bengo, Vila Alice, a fim de notificar Emanuel Madaleno sobre o veredicto do Tribunal, mas esses foram informados por um trabalhador que não era ali que Emanuel tinha o seu escritório, e que o grupo Nova Vaga, que publica o Novo Jornal, é administrado por Renato Moreira, que se encontrava ausente do País.
Não havendo alguém que se assumisse como representante de Emanuel Madaleno, e depois da informação deixada ter gerado pânico, os oficiais judiciais abandonaram o local, mas, antes, cederam os seus contatos com a promessa de que seriam contactados para tratar do assunto que tem que ver com a titularidade do Novo Jornal.
Na ausência do administrador Renato Moreira, o jornalista João Armando, diretor do Expansão, tomou a iniciativa de ligar diretamente a Emanuel Madaleno para o informar do ocorrido, este prometeu recorrer da sentença judicial.
Neste momento, o clima é tenso na redação do Novo Jornal, pois rege um sentimento de incertezas para os mais de 20 funcionários que trabalham para o título fundado em 2008.
Na quinta-feira da semana passada, três oficiais judiciais voltaram à redação do jornal com o intuito de informar os jornalistas, desde o diretor aos repórteres, de que tinham de se mudar para um outro escritório a ser-lhes informado, porque o jornal, segundo a delegação, acabara de mudar de mãos, o que alimentou ainda mais o sentimento de incertezas do futuro dos jornalistas e outros colaboradores.
A futura redação do Novo Jornal, ala Álvaro Sobrinho, vai funcionar no edifício Atrium, no Maculusso, onde se encontra instalado o Fundo Soberano de Angola.
Da parte de Emanuel Madaleno, fora a promessa do recurso judicial, ainda não se conhece uma reação oficial, e os jornalistas manifestam-se atônitos, já que tudo acontece numa altura em que Armindo Laureano, diretório do jornal se encontra em Portugal.
De acordo com fontes do Luanda Post, depois de perder a batalha judicial com o seu irmão Álvaro Sobrinho, Emanuel Madaleno, de forma imediata, tenciona reativar o jornal Angolense, que comprou no finado jornalista Américo Gonçalves, ou um outro jorna que também deixou de circular. Para essa missão, pretende contar com os quadros do Novo Jornal, por isso tem exigido o urgente regresso a Luanda de Armindo Laureano.
Não se sabe ao certo se os jornalistas do Novo Jornal aceitarão juntar-se ao novo arranjo encontrado pelo empresário Emanuel Madaleno.
O Luanda Post tem conhecimento de que, depois de em Setembro deste ano três dos principais editores do Novo Jornal terem batido com a porta em bloco, nomeadamente Maurício Vieira Dias (economia), Antunes Zongo (política) e Eduardo Gito (desporto), quem também se demitiu da função de chefe de redação é o jornalista Álvaro Victória, que estará a caminho do jornal do Grupo Girassol.
Modelo de atuação de uma e outra gestão do NJ
Refira-se que o Novo Jornal tem uma gênese própria, que se circunscreve sobretudo pelo equilíbrio no tratamento das notícias, resultante das impressões digitais jornalísticas deixadas pelos seus primeiros diretores, com destaque para Victor Silva e Silva e Gustavo Costa.
Entretanto, apesar das impressões digitais das figuras citadas, tem-se registado sempre uma mudança (mesmo que ligeira) de atuação, dependendo do grupo gestor. Sob administração do grupo de Álvaro Sobrinho, este que se tornara igualmente proprietário de importantes órgãos de comunicação social em Portugal, o Novo Jornal (NJ) destilava uma postura menos agressiva para com os atos da governação e com o partido no poder, embora tivesse dado uma significativa cobertura às manifestações.
Já sob gestão de Emanuel Madaleno, o Novo Jornal passou a ser acusado de favorecer a UNITA liderada por Adalberto Costa Júnior, sobretudo na véspera, durante e depois das eleições gerais de 24 d Agosto de 2022.
Por exemplo, pelo menos até antes do ano 2020, nenhum leitor acreditaria que o Novo Jornal fosse capaz de ir mais longe no desbaratar das linhas limite abstractas da liberdade de imprensa, mas que existir de forma prática, até quando no período em referência fez circular uma matéria que deitava abaixo toda uma imagem nacional e internacional do MPLA, ao noticia que o líder da oposição, Adalberto Costa Júnior, fora submetido ao controlo cerrado pelo MPLA e os Serviço de Inteligência e Segurança de Estado (SINSE), visando um combate e vigia “até à exaustão” contra a sua pessoa.
A matéria do NJ foi produzida com base num documento fornecido por uma fonte dos órgãos ligados à segurança do Estado, e, embora a informação tenha sido rejeitada pelo partido no poder, os factos narrados acabaram por atestar a veracidade da notícia do NJ.
Entretanto, a disputa pela titularidade do órgão está ad rubro, com os irmãos empresários em trincheiras opostas.
Em uma entrevista que concebeu em 2018 à Televisão Pública de Angola (TPA), Álvaro Sobrinho contou que comprou o Novo Jornal à ESCOM, que detinha cerca de 70% das participações, e em circunstâncias atípicas, com o compromisso de a seguir passar o órgão para outro grupo empresarial. Na entrevista, no entanto, não foi revelado a entidade empresarial que devia/deve aceder à titularidade do jornal.