Por Regy Carte
Final de 1994. A Câmara Municipal de Mossoró fervia à sucessão de Vicente Rego na Presidência. Em jogo, o biênio 1995/1996, o segundo daquela legislatura (1993/1996).
Então prefeito, Dix-huit Rosado estimulou dois nomes: vereadores Tomaz Neto e Maria Lúcia. Quem se viabilizasse a presidente, garantiu o velho alcaide, teria o seu apoio.
Corriam as articulações. Até que almoço secreto entre Dix-huit e Tomaz Neto, no Hotel Thermas, mudou o curso da história. Porque chegou aos ouvidos de Maria Lúcia.
Impetuosa, a vereadora foi ao prefeito, no mesmo dia. Bateu na mesa e garantiu: “Serei presidente da Câmara, com ou sem o apoio do senhor”. Para o espanto de Dix-huit.
Deu-se, a partir daí, virada épica. Tomaz Neto era tido como eleito. Ao se filiar ao PMDB minutos antes da eleição, porém, Maria Lúcia conquistou a bancada do partido.
Atraiu também o PT da vereadora Telma Gurgel, que ganhou lugar na Mesa Diretora. Agregou ainda outras forças. Ao final, ganhou a eleição à Presidência, por um voto.
Tais coragem e obstinação, marcas dela, levaram Maria Lúcia de Lima Ferreira a um feito histórico. Tornou-se a primeira mulher a presidir a Câmara Municipal de Mossoró.
Falecida neste 12 de dezembro de 2022, aos 75 anos, para sempre será lembrada por esse pioneirismo. E pela mão amiga e enérgica, que a fizeram eterna como seus feitos.