A deputada eleita Marina Silva (Rede-SP) recusou o novo cargo para comandar a Autoridade Nacional de Segurança Climática, oferecido a ela pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na tarde desta sexta-feira 23. Em reunião com Lula, Marina disse que essa função precisa ser desempenhada por um técnico, e não alguém de perfil político. Diante do impasse, o presidente eleito chamou novamente a senadora Simone Tebet (MDB-MS), com quem já havia conversado pela manhã, na tentativa de encontrar uma saída.
Lula convidou Simone para ser ministra do Meio Ambiente, proposta que já havia sido apresentada à senadora em outras duas ocasiões, pela presidente do PT, Gleisi Hoffmann. Desta vez, Simone respondeu ao presidente eleito que aceitaria a pasta, desde que Marina concordasse em assumir Autoridade Climática. Até agora, porém, não houve acordo.
Persiste o impasse sobre qual ministério Simone deverá assumir após o PT vetar o nome dela para comandar o Ministério do Desenvolvimento Social, entregue ao senador eleito Wellington Dias (PT), ex-governador do Piauí. A saída encontrada por Lula, em conversas com dirigentes do PT, foi oferecer a Simone o Meio Ambiente, cadeira para a qual Marina conta com mais apoio. A deputada eleita foi ministra do Meio Ambiente no governo Lula, de 2003 a 2008, mas saiu após vários embates com o PT e com o agronegócio. Em seguida, desfiliou-se do partido e só se reaproximou de Lula nesta campanha, pelas mãos de Fernando Haddad, futuro ministro da Economia. À noite, ganhou força novamente Marina para ser titular da pasta.
No encontro, o presidente colocou sobre a mesa algumas soluções que poderiam contemplar a senadora na sua equipe. O petista citou o Ministério do Meio Ambiente, Turismo e até mesmo Cidades — pasta que já foi reservada ao MDB, mas está prometida a uma indicação da bancada da Câmara. Uma ala do partido quer que o deputado José Priante (MDB-PA) assuma. Outra, ligada ao governador do Pará, Helder Barbalho, defende Jader Barbalho Filho. O plano A dos petistas para Tebet é o Meio Ambiente, mas para isso, Lula precisa resolver a situação de Marina.
Sem acordo à vista, Lula chamou Simone para viajar com ele a São Paulo, na tarde desta sexta-feira, para que pudessem conversar melhor sobre a montagem do ministério. Nas redes sociais, entidades climáticas criticaram a possibilidade de Simone ser titular do Meio Ambiente, sob o argumento de que ela é ligada ao agronegócio. Foi criada até a hashtag #TemQueSerMarina, pedindo a volta da ex-ministra à pasta.
O que pesa para que Marina rejeite o cargo de Autoridade Climática está atrelado ao modelo de atuação previsto para esse posto. O modelo concebido pela própria Marina, apresentado no relatório técnico do gabinete de transição, trata a Autoridade Climática como uma autarquia, ou seja, um órgão público novo, que ficaria sob a estrutura do Ministério do Meio Ambiente. Desde o início, Marina propôs essa estrutura.
A ideia de que a Autoridade Climática tivesse status de ministério e fosse vinculada à Presidência da República chegou a ser sugerida pela ex-ministra do Meio Ambiente Izabella Teixeira, mas não virou prioridade na proposta a ser apresentada ao novo comando da pasta. Aliados de Marina dizem que, no modelo proposto, ela teria o perfil político para ocupar novamente o ministério e encaminhar os temas à Autoridade Climática, órgão executor dessas medidas. É justamente neste capítulo que está a dificuldade de dividir os dois postos entre Marina e Simone.
Integração Nacional é oferecida a relator da PEC
O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ofereceu o Ministério da Integração Nacional aos parlamentares da União Brasil. De acordo com as negociações, o cargo ficaria com o deputado Elmar Nascimento (BA), que foi relator da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que abriu espaço no Orçamento de 2023 para o novo governo.
Se confirmada, a nomeação manteria sob o controle de Elmar um dos postos mais cobiçados pelo centrão, a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf). O órgão, que já é presidido por um indicado do deputado, ficaria vinculado ao Ministério da Integração. A oferta foi feita em reunião na tarde de quinta-feira 22 em Brasília. Lula recebeu Elmar, que é líder da União Brasil na Câmara, e o senador Davi Alcolumbre (União-AP).
O PT tem resistências ao nome de Elmar, mas participantes das negociações consideram sua ida para o ministério praticamente certa. Ela faria parte de uma compensação pela aprovação da PEC, além de refletir a boa relação do deputado baiano com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). As articulações não foram finalizadas porque dirigentes da União Brasil não decidiram se vão entrar de cabeça na gestão de Lula. Ainda que parlamentares tenham interesse na ocupação de ministérios, outros deputados e senadores têm diferenças com o governo eleito.
Fonte: Agora RN