“Ele quer que eu me cale, fique com medo do poder econômico e político que ele detém no Estado. O que jamais farei. Não compactuarei ou me calarei diante deste cidadão, que, só pelo fato de ter um mandato de deputado estadual, acredita que pode cercear o direito da liberdade de expressão e o trabalho da imprensa livre”, afi rmou o jornalista Rudimar Ramon, ao falar sobre o comentário feito pelo deputado estadual Kleber Rodrigues (PSDB) em uma postagem referente a matéria publicada por seu blog, nesta quinta-feira (27).
No comentário, o deputado escreveu: “Aguarde o terceiro processo, o segundo você já deve tá (SIC) recebendo aí. No civil, você tem padrinho, quero ver no criminal, quem vai ser”. Em resposta, o jornalista rebateu: “o senhor está querendo dizer o que? Que o juiz que eu não conheço, nunca vi, julga de acordo com conveniência? Julga por “apadrinhamento”? Veja bem o que o senhor está afirmando! Espero que mantenha suas afirmações diante da justiça”. Ao que Kleber responde: “deixe para responder no processo, no meu caso não precisa”.
Para Rudimar, o parlamentar está criando dúvidas sobre a isonomia do Judiciário potiguar ao fazer o comentário. “Eu fico surpreso com a postura do deputado, que tentou criar dúvida em relação à isonomia dos juízes do Estado e do juiz que julga o processo ao qual estou sendo requerido. Uma atitude completamente descompensada e irresponsável, especialmente por ser ele representante do Poder Legislativo. Está claro que ele quer que eu me cale, o que jamais farei”, garantiu. Ele disse que o deputado fez o comentário porque a justiça suspendeu a decisão que o condenou a indenizar Severino Rodrigues em R$ 20 mil e conceder- -lhe direito de resposta. “No entanto, ficou comprovado que o pedido não deveria continuar, já que a matéria era um conteúdo jornalístico. Eu acredito na justiça, que agiu de maneira isonômica quando não deu ao ex-prefeito o direito de resposta. Com relação ao comentário, Kleber Rodrigues precisa esclarecer. Agora, se houve ou não crime da minha parte na matéria que publiquei, estou à disposição para a Justiça”.
E continuou: “Há 30 dias, pautei matéria onde o ex-prefeito de Monte Alegre, Severino Rodrigues, foi condenado por crime de responsabilidade. Posteriormente, fui surpreendido com processo cível e criminal por causa desta matéria, que veicula apenas a decisão judicial. Ontem, publicamos novo processo que o ex-prefeito responde e me surpreendeu o comentário do deputado Kleber Rodrigues, filho de Severino, que afirmou existir uma espécie de apadrinhamento. Eu desconheço o juiz que julga o processo que ele entrou contra mim e não há, nem houve, nenhum tipo de interferência da minha parte no judiciário”.
MATÉRIA DA “DISCÓRDIA”
A matéria que gerou o imbróglio, com o título “MPRN denuncia ex-prefeito de Monte Alegre, Severino Rodrigues, por improbidade administrativa, fraude à licitação e superfaturamento”, foi publicada no blog do jornalista, nesta quinta-feira (27). Conforme o texto, o MP entrou com ação contra o ex-prefeito pelos crimes citados no título e o ressarcimento de R$ 271,2 mil por danos ao erário, além da suspensão dos direitos políticos e inelegibilidade por até oito anos. Na matéria, são citados trechos do documento do MPRN.
“Ele é apadrinhado de Fábio Dantas, todo mundo sabe”, dispara Rodrigues
“Ele distorce os fatos. Não falei nada sobre justiça, mas vida civil, pode olhar a postagem. Em momento algum falei em juiz ou algo relacionado à justiça, Judiciário. Ele precisa ter responsabilidade sobre o que diz”, afirmou o deputado estadual Kleber Rodrigues (PSDB) ao rebater as acusações feitas pelo jornalista Rudimar Ramon. Para o parlamentar, o comunicador quer criar caso para “aparecer”.
Questionado sobre o fato de ter falado em “apadrinhamento”, o deputado disparou: “Todo mundo sabe que ele é apadrinhado de Fábio Dantas, o ex-vice-governador do Estado. Ele tem um padrinho político em sua vida civil. Foi com esse intuito que eu falei em padrinho. Mas ele distorce os fatos. Está colocando inúmeras notícias sem responsabilidade. Está atacando o lado pessoal. Na política, ele pode falar e escrever o que quiser, é um direito dele, mas não atacar o pessoal”, disse.
Kleber disse ainda que é conhecido por sua atuação na Assembleia Legislativa do Estado e por ser considerado um político acessível e educado com todos, mas, “neste caso, ele não está sendo correto em sua profissão. Respeito todo mundo, principalmente a imprensa, mas não aceito provocações pessoais. Se tiver alguma dúvida, pode me procurar, falar, estarei sempre à disposição para jornalistas responsáveis”.