A Justiça potiguar condenou uma advogada e dois internos do sistema prisional do Rio Grande do Norte por trocas de mensagens através de bilhetes e conversas pessoais, que estabelecia a comunicação dos chefes do Sindicato do Crime, organização criminosa que atua no Estado, com os outros integrantes nas ruas.
A advogada Mona Lisa Amélia Albuquerque de Lima foi considerada a “coordenadora dos Gravatas” por se intitular como chefe do esquema de troca de mensagens. Ela teve a pena fixada em quatro anos, nove meses e cinco dias de reclusão e 16 dias-multa, considerando o dia multa equivalente a 1/30 do salário-mínimo em vigor ao tempo do fato. Ela deverá inicialmente cumprir a pena de reclusão em regime semiaberto.
Um dos detentos que participava no esquema, Orlando Vasco dos Santos, conhecido por “Orlando da Raiz”, teve a pena fixada em seis anos, cinco meses e 23 dias de reclusão e 21 dias-multa, considerando o dia multa equivalente a 1/30 do salário-mínimo em vigor ao tempo do fato, pelo crime de comando de organização criminosa armada. Ele deve inicialmente cumprir a pena de reclusão em regime fechado.
Já Erasmo Carlos da Silva Fernandes, o “Palmeirense”, também interno do sistema prisional, teve a pena fixada em cinco anos, seis meses e 20 dias de reclusão e 19 dias-multa, considerando o dia multa equivalente a 1/30 do salário-mínimo em vigor ao tempo do fato. Ele também deverá inicialmente cumprir a pena de reclusão em regime fechado.
A denúncia contra os três foi feita pelo Ministério Público do Rio Grande do Norte (MPRN) após a operação Carteiras, deflagrada no ano passado.
Investigação
A investigação do MPRN teve início em julho de 2021. Foi apurado que quatro advogados abusaram das prerrogativas inerentes ao ofício advocatício, realizando a comunicação entre chefes faccionados presidiários e os demais integrantes da organização em liberdade, repassando mensagens relativas às atividades criminosas e, assim, garantindo o regular funcionamento do grupo com a prática de diversos crimes. Eles eram pessoas de confiança dos principais chefes de uma facção. Os “gravatas”, como são chamados os advogados dentro da estrutura do grupo, exercem a função de “mensageiros do crime”.
Segundo as investigações, a advogada Mona Lisa Amélia organizava e cobrava relatórios para os criminosos custodiados e repassava orientações aos membros soltos da organização, bem como transmitia mensagens e preocupações dos chefes da facção que se encontram custodiados. Em uma conversa em um grupo de WhatsApp, ela chegou a reivindicar a função de “corregedora dos presídios” em nome da facção.
Tribuna do Norte